Bandido Bom é Bandido Preso? Sou mais morto

FIGURAÇA: Wallace Souza (Apresentador de TV acusado de mandar matar pessoas para aumentar audiência do seu programa)
23/08/2009-10:00
LUIZ FLÁVIO GOMES (www.blogdolfg.com.br)
Doutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela USP e Diretor-Presidente da Rede de Ensino LFG. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).

Como citar este artigo: GOMES, Luiz Flávio. FIGURAÇA: Wallace Souza (Apresentador de TV acusado de mandar matar pessoas para aumentar audiência do seu programa). Disponível em http://www.lfg.com.br - 23 agosto de 2009.

A realidade, muitas vezes, é mais forte e mais impressionante que a ficção (a arte, a novela e o cinema). Wallace Souza, figuraça da TV e da política amazonense, está sendo acusado (pelo MP), juntamente com seu filho, de ter mandado matar pelo menos seis pessoas. Programava a morte da vítima, o local, a data etc. e seus repórteres acompanhavam o assassinato, mostrando cenas incríveis no seu programa sensacionalista, em Manaus, chamado Canal Livre. Dizia frequentemente: “Bandido bom é bandido morto”. De apresentador de TV agora está se transformando em assassino. Caso tudo se confirme em uma sentença condenatória definitiva, ver-se-á que a crueldade humana assim como a imbecilidade não tem limites. Mandava matar, mandava gravar, tudo para aumentar a audiência do seu programa!

Há tempos são criticados programas sensacionalistas desse tipo, que abusam da dramatização da violência. Fala-se em datenização ou ratinização ou, agora, em wallacização da Política Criminal. Programas grotescos desse padrão dão ibope. Wallace foi o deputado estadual mais votado no Amazonas. Aberração maior talvez não exista (mas assim é a controvertida postura humana). Atualmente está exercendo a função política. Dramatizava a violência, chegando a extremos inacreditáveis, porque gostaria de ser nomeado Secretário da Segurança Pública.

Cuida-se de apresentador que não se limitava a narrar e registrar os fatos. Fabricava os fatos e cometia crimes para gerar notícias. Como disse a revista VEJA: “Bandido bom é bandido preso”.
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